terça-feira, 22 de junho de 2021

É impossível enfrentar a realidade o tempo todo sem nemhum mecanismo de fuga. 
Sigmund Freud


























Viver e conviver com você mesmo, as vezes, é um processo exaustivo. Descobrir onde te dói, onde te arde, onde te cala, onde te faz sorrir demanda uma energia que nem sempre temos. Nesse caminho que se percorre você aprende a resignificar conceitos, pessoas, situações. Não é fácil. 

Entende que terão perdas, que você não quer, mas que só com a aceitação delas é que seus horizontes ficarão mais limpos, claros, leves. Limpá-los cansa. Para aprender o que precisa ser limpo, você precisa saber o que quer. Não necessariamente o que quer para 10 anos. Para 10 dias já está bom. Desconstruir a crença, o sistema educacional, a cultura social, certos valores familiares e todas essas questões dentro de nós é sufocante. Quantos mais muros você derruba, mais poeira levanta. 

No final do dia, quando está para terminar "seu serviço" você só enxerga poeira, ouve barulhos e tem dificuldades para respirar. Voltamos para casa cansados. A vontade de sentar no sofá, ligar a tv e não sair mais é enorme. O medo faz nosso mundo ficar pequeno. 

Mas daí... daí vem o milagre. Você acorda no dia seguinte e ao olhar pela janela, você vê que todo aquele pó baixou, todo aquele barulho se calou, respirar... respirar não dói como o dia anterior. Você consegue enxergar o horizonte um pouco mais, você consegue ouvir a paz um pouco mais e a encher o pulmão não só de ar, mas de luz. Ainda haverão muros seus a derrubar, ainda terão muros que construirão a sua volta que vão te limitar e que, as vezes, você vai deixar. Mas daí lembraremos da sensação. Aquela de olhar de manhã pela janela e ver que você é responsável por aquela vista. Que foi você quem levantou todo santo dia e foi a luta, que fez cada escolha, que escolheu (ou não) cada pessoa para te ajudar nessa empreitada. E que vale a pena. Sempre vai valer a pena. Sacramentar o amor. 



Ouvindo: Isn't She Lovely - Stevie Wonder 


C-Ya

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