" O acaso é um Deus e um diabo ao mesmo tempo. "
Machado de Assis
Amar
Que pode uma criatura senão,entre criaturas, amar?amar e esquecer,amar e malamar,amar, desamar, amar?sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar?Amar o que o mar traz à praia, e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,o que é entrega ou adoração expectante,e amar o inóspito, o áspero,um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
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Estava eu, as 6:30 da manhã de uma quarta feira de cinzas, na estação de metrô na Vila Madalena quando percebi uns poemas espalhados pelas paredes e esse me chamou a atenção pelo fato de Carlos Drummond ter a certa convicção de que todos os seres amam. Não interessa o que ou quem, mas amam.
Ouvindo: Alice - Avril Lavigne
C - Ya
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